segunda-feira, 1 de novembro de 2010

ESTAMOS VACINANDO DEMAIS NOSSOS CÃES ?



A carta abaixo foi publicada no Veterinary Times em janeiro de 2004 e foi escrita por um grupo de veterinários inglêses com o intuito de chegar ao maior número de veterinários possível. A preocupação do grupo foi em chamar a atenção aos excessos de reforços vacinais, praticados pela classe veterinária em todo o mundo. Fiz esta modesta tradução e a fonte está no final do texto.
BOA REFLEXÃO!!!!


Querido Editor

Nós abaixo assinados desejamos apresentar-lhe nossa preocupação a luz da nova evidência recente sobre protocolos vacinais.

O informe do American Veterinary Medical Association Committee deste ano diz que “a recomendação de vacinação anual que se encontra freqüentemente em muitos prospectos vacinais esta baseada em precedente histórico e não em dados científicos.”

Em JAVMA, em 1995, Smith escreve que “ há evidência de que alguma vacinas conferem imunidade além de um ano.De fato, segundo investigação não há prova de que muitas das vacinações anuais sejam necessárias e que a proteção em muitos casos pode ser por toda a vida” e também, “A vacinação é um procedimento médico potente com tantos benefícios como riscos para o paciente”; inclusive que, “A revacinação de pacientes com imunidade suficiente não agrega de forma mensurável a sua resistência a enfermidade, e pode incrementar o risco de eventos adversos pós-vacinais.”'

Finalmente, ele diz que: “ Os eventos adversos podem estar associados ao antígeno, ao adjuvante, ao portador, ao conservante ou a uma combinação dos mesmos. Os eventos adversos possíveis incluem falha em imunizar, anafilaxia, imunosupresão, desordens auto-imunes, infecções temporais e/ou estados infectados de portador a longo prazo.
O Informe da American Animal Hospital Association Canine Vaccine Taskforce em JAAHA (39)(Março/Abril 2003) è também uma leitura interessante: “ Os conhecimentos atuais sustentam a afirmação de que nenhuma vacina é sempre protetora e nenhuma vacina está sempre indicada” ; “Mau entendidos, informação falsa e a natureza conservadora de nossa profissão tem lentificado universalmente a adoção de protocolos que defendam uma frequência de vacinação reduzida”; “ A memória imunológica confere durações de imunidade frente às enfermidades infecciosas fundamentais, que excedem em muito as recomendações tradicionais de vacinação anual.Isto está sustentado por uma quantidade crescente de informações veterinárias, assim como vigilância epidemiológica bem desenvolvida em medicina humana que indica que a imunidade conferida por vacinação é extremamente duradoura e, na maioria dos casos, por toda a vida”.

Mais ainda, a evidência mostra que a duração da imunidade para a vacina de raiva, a vacina da cinomose canina, a vacina da parvovirose canina, a vacina da panleucopenia felina, a da rinotraqueíte e calicivirose felinas, tem sido todas demonstradas de serem de no mínimo sete anos, por sorologia para a raiva e por estudos coorte para todas as demais.

Os veterinários abaixo firmados, aceitam plenamente que nenhum resultado isolado tem tido maior impacto nas vidas e bem estar de nossos pacientes, nossos clientes e nossa capacidade para prevenir enfermidades infecciosas que os alcançados nas vacinações anuais. Contudo, apoiamos plenamente as recomendações e guias da American Animal Hospitals Association Taskforce, para reduzir os protocolos vacinais para cães e gatos , de modo que os reforços vacinais se dêem somente a cada três anos, e somente para as vacinas fundamentais a não ser que se justifique cientificamente de outro modo.

Além disso, sugerimos que a evidência atualmente disponível em breve levará a que os seguintes fatos sejam aceitos:

- Os sistemas imunes de cães e gatos amadurecem completamente aos 6 meses e qualquer vacina a vírus vivo modificado (MLV) dada depois dessa idade, produz imunidade que é válida para toda a vida deste mascote.

- Se se administra outra MLV um ano depois, os anticorpos da primeira vacina neutralizam os antígenos da vacina subseqüente de modo que há pouco o nenhum efeito; o mascote não recebe um empurrão, nem se induzem mais células de memória.

- Não só são as revacinações anuais frente a cinomose e parvovírus canina desnecessárias, como expõem o mascote a riscos potenciais de reações alérgicas e anemia hemolítica auto-imune.

- Não há documentação científica que respalde as recomendações dos prospectos de administração anual de vacinas MLV.

- Os filhotes de cães e gatos recebem anticorpos através do leite materno. Esta proteção natural pode durar de oito a quatorze semanas.

- Os filhotes de cães e gatos NÃO deveriam ser vacinados antes das oito semanas de vida. A imunidade maternal neutralizará a vacina e se conferirá muito pouca proteção.

- A vacinação às seis semanas de vida, retarda o tempo da primeira vacina eficaz.

- As vacinas administradas a intervalos de duas semanas SUPRIMEM em lugar de estimular o sistema imune.

Isto daria novas possíveis guias para o que se segue:
1. Uma série de vacinações se dá começando às oito semanas de idade ( ou preferencialmente mais tarde) e administrandas a intervalos de três a quatro semanas, até as 16 semanas de idade.

2. Um reforço mais se administra em algum momento depois dos seis meses de idade e então se conferirá imunidade por toda a vida.

A luz dos dados de que dispomos atualmente, que demonstra o uso desnecessário e o dano potencial das vacinações anuais, fazemos apelo a nossa profissão a que se cesse a política de vacinações anuais.

Podemos perguntar-nos porque os clientes estão perdendo a fé nas vacinas anuais e investigando o assunto por sua conta? Cremos que estão certos ao fazê-lo. A política, a tradição, o bem estar econômico dos veterinários ou das empresas farmacêuticas não devem ser um fator na tomada de decisões médicas.


Se aceita que o exame anual de um mascote é aconselhável. Nos subestimamos se imputamos este serviço essencial atrás da vacinação e terminamos pagando as conseqüências. Temos que esperar até que vejamos denúncias contra os veterinários, tais como as interpostas no estado do Texas pelo Dr. Robert Rogers? Ele defende que a prática presente de marketing de vacinações para animais de companhia constitui fraude por má representação, fraude por silêncio e roubo ou engano.

O juramento que fazemos como veterinários recém qualificados é ajudar, ou ao menos não danar. Desejamos manter nossa posição na sociedade, e sermos merecedores da confiança depositada em nossa profissão. È por tanto nossa luta que aqueles que continuem administrando vacinas anuais a luz da nova evidência, podem estar perfeitamente atuando de modo contrário ao bem estar dos animais confiados aos seus cuidados.

Atenciosamente

Richard Allport, BVetMed, MRCVS
Sue Armstrong, MA BVetMed, MRCVS
Mark Carpenter, BVetMed, MRCVS
Sarah Fox-Chapman, MS, DVM, MRCVS
Nichola Cornish, BVetMed, MRCVS
Tim Couzens, BVetMed, MRCVS
Chris Day, MA, VetMB, MRCVS
Claire Davies, BVSc, MRCVS
Mark Elliott, BVSc, MRCVS
Peter Gregory, BVSc, MRCVS
Lise Hansen, DVM, MRCVS
John Hoare, BVSc, MRCVS
Graham Hines, BVSc, MRCVS
Megan Kearney, BVSc, MRCVS
Michelle L'oste Brown, BVetMed, MRCVS
Suzi McIntyre, BVSc, MRCVS
Siobhan Menzies, BVM&S, MRCVS
Nazrene Moosa, BVSc, MRCVS
Mike Nolan, BVSc, MRCVS
Ilse Pedler, MA, VetMB, BSc, MRCVS
John Saxton, BVetMed, MRCVS
Cheryl Sears, MVB, MRCVS
Jane Seymour, BVSc, MRCVS
Christine Shields, BVSc, MRCVS
Suzannah Stacey, BVSc, MRCVS
Phillip Stimpson, MA, VetMB, MRCVS
Nick Thompson, BSc, BVM&S, MRCVS
Lyn Thompson, BVSc, MRCVS
Wendy Vere, VetMB, MA, MRCVS
Anuska Viljoen, BVSc, MRCVS, y
Wendy Vink, BVSc, MRCVS

Aqui, tomo a liberdade de incluir o meu nome, já que compartilho destas idéias e as aplico na minha clínica do dia a dia.


Carmen L. Cocca de Resende
Méd. Veterinária Integrativa

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