segunda-feira, 3 de maio de 2010

INTELIGÊNCIA ACOMPANHA GRAU DE EVOLUÇÃO DOS ANIMAIS




 Cláudia Santos entrevista a Dra. Irvênia Prada, médica veterináriaMatéria publicada na Folha Espírita em abril de 2007



“Somos todos espíritos na vivência dos infinitos degraus do processo evolutivo, do qual os seres humanos deste ínfimo planeta, por mais que sua pretensão assim o deseje, não representam o ponto final.”

Recentemente, circulou, na internet, mensagem que mostrava como macacos têm auxiliado deficientes em suas tarefas diárias e até a se alimentarem. Em uma das imagens, um deles dava comida a um tetraplégico. Histórias de cachorros que salvaram vidas, gatos que não saíram do lado de seus donos no leito, enquanto doentes, e tantas outras envolvendo animais são mais comuns do que pensamos. Não só as cenas apresentadas no e-mail, mas tantas outras histórias que já lemos e ouvimos, comprovam que os animais são, mesmo, capazes de fazer coisas que nem imaginamos e possuem, sim, um nível de inteligência, de acordo com o grau de evolução que atingiram.

“Devemos muito mais aos animais do que temos consciência”, acredita a médica veterinária Irvênia Prada, que atua há mais de 20 anos no meio espírita como expositora em cursos e palestras, defendendo a tese de que os animais, como seres em evolução, são nossos companheiros de jornada. “Hoje existem centros de treinamento nos Estados Unidos para ensinar ações a esses macaquinhos e é incrível o que eles são capazes de fazer. As demonstrações de trabalho feito com cães-guias de cegos também”, conta.

Em seu livro A Questão Espiritual dos Animais (Editora FE, 2005), Irvênia aponta considerar indiscutível que os animais têm corpo físico, vida e mostram, pelo menos muitos deles, comportamentos através dos quais exibem capacidade de aprender coisas novas, de resolver situações inesperadas, de fazer julgamento do que está acontecendo a sua volta, enfim, “revelam possuir inteligência”. 

Sinais

“Um dos casos mais incríveis que temos conhecimento é o da macaca Washoe, que aprendeu a se comunicar com as pessoas através da linguagem de sinais para surdos-mudos que lhe foi ensinada. Aos 5 anos, ela não só empregava 132 sinais com exatidão e desenvoltura, como também criava suas próprias combinações de frases que ainda não tinha aprendido. Experiências como a efetuada por Roger Fouts e o casal Gardner, transmitindo a linguagem gestual a ela e outros macacos, derrubam a presunçosa supremacia do homem sobre as demais criaturas”, analisa a médica veterinária. “Do ponto de vista científico, o que a pesquisa revelou de mais importante foi o fato de que a habilidade de aprender e transmitir informações não é exclusividade dos seres humanos”, afirma Fouts, que trata do tema na obra O Parente mais Próximo (1998) e aponta que o caso de Washoe não é isolado, porque “vários outros chimpanzés demonstraram a mesma aptidão”.

Capacidade de aprendizado

Em O Céu e suas Vertentes, de W. L. Sanvito (1982), lemos que quanto mais desenvolvido o sistema nervoso de uma determinada espécie animal, maior capacidade funcional terão os indivíduos dessa espécie de se expressar em comportamentos mais elaborados. “Assim, os animais que têm essas áreas associativas ou cognitivas bem desenvolvidas mostram, por exemplo, grande capacidade de aprendizado. É o caso de golfinhos e chimpanzés”, exemplifica Irvênia. “Em todos os mamíferos a organização do cérebro é a mesma do ser humano, sendo as diferenças de natureza quantitativa e não qualitativa. O cérebro inicial tem uma representação avantajada, o córtex sensório-motor também, mas a área pré-frontal é menos desenvolvida e varia de dimensão, nas diversas espécies animais. Nos primatas e golfinhos ela já se mostra bem desenvolvida”, completa.

Irvênia também acredita que um espírito que ainda esteja nos passos iniciais da caminhada evolutiva pode se expressar, em atitudes ou comportamentos, por meio de um sistema nervoso mais simples, ao passo que, sendo mais evoluído (em inteligência), vai necessitar de um instrumento, ou seja, de um sistema nervoso mais sofisticado para que consiga expressar, através dele, toda a sua potencialidade. “André Luiz, em No Mundo Maior, afirma que ‘nem os símios ou os antropóides, a caminho de sua ligação com o gênero humano, apresentam cérebros absolutamente iguais entre si. Cada individualidade revela-o consoante o progresso realizado’”, nos diz.

Na obra Alvorada do Reino, Emmanuel, pela mediunidade de Chico Xavier, também trata do assunto: “O animal caminha para a condição de homem, tanto quanto o homem evolui no encalço do anjo”. E continua... “No reino animal, a consciência, à feição de crisálida, movimenta-se em todos os tons do instinto, no reino da inteligência, objetivando a conquista da razão sublimada pelo discernimento”.

Se os animais têm sido mais do que nossos simples companheiros de jornada, a utilização deles na chamada Zooterapia, conjunto de procedimentos que visam a auxiliar o paciente para a melhoria de seu quadro clínico mediante a utilização de animais, deve ser seguida da preocupação de mantê-los em uma boa qualidade de vida. “É preciso que sejam adequadamente treinados, com paciência e respeito, bem tratados e, principalmente, amados. A relação de amizade e confiança que venha a se desenvolver entre as partes certamente contribuirá para a evolução, tanto do espírito do ser humano quanto do animal”, acredita Irvênia.





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