sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O QUE É PRECISO PARA SER UM CÃO TERAPEUTA ?




Muitas pessoas me dizem que gostariam de tornar seus cães “Cães Terapeutas”. Mas afinal, o que diferencia um cão terapeuta dos demais?

Estes animais devem ter como principal virtude o amor às pessoas. O cão devem gostar e querer estar com pessoas e seus donos/condutores devem sempre estimular este comportamento.

A socialização é outro ponto importante. Cães bem socializados são mais confiantes e relaxados, pois passam por várias experiências anteriores que lhes proporcionam equilíbrio para lidar com novas situações. Cães terapeutas devem ser socializados em ambientes diversos, devem ir ao shopping, parques, ruas movimentadas, salas fechadas, devem andar de carro, de elevador, etc. 

Devem agir com naturalidade frente à pessoas com necessidades especiais e mobilidade reduzida, crianças, adultos e idosos. E também frente à situações envolvendo todo tipo de objetos: guarda-chuvas, bonés, sacos plásticos, cadeiras de rodas, bengalas e andadores.

Também precisamos nos preocupar com a desensibilização. E o que é desensibilização?

É o ato de acostumar o cão a barulhos, toque e odores extremos. Isso é necessário, uma vez que o cão passará por algumas destas situações em seus ambientes de trabalho e deve estar calmo para reagir com equilíbrio, sem medo ou agressividade.

Em relação aos barulhos precisamos fazer com que o cão se acostume com sons estridentes, com volume elevado ou metálicos.

Quanto aos odores, devem ser cítricos, muito doces e alcoólicos. Devem ser aplicados em objetos, panos ou na própria pessoa, que deve abraçar o cão quando estiver perfumada.

A desensibilização ao toque é a mais importante, temos que ensiná-los a gostar de ser tocados: brutamente, devagar, com beijos, com abraços, tendo seus pelos puxados, puxando seus rabos e orelhas, pegando em suas patas, nos bigodes e nas suas bochechas.

Todos estes procedimentos devem ser feitos de forma extrema, mas sem agressividade ou violência. Os cães devem sempre associar o toque a coisas positivas. Aqui a finalidade é mostrar ao cão que estas situações são normais e boas, uma vez que ele pode passar por isso durante uma sessão terapêutica ou em uma visita para atividade.

O adestramento básico deve ser ensinado ao cão para que o proprietário/condutor tenha maior controle. Devem ser ensinados, principalmente, os comandos básicos: “senta”, “deita”, “fica” e andar na guia sem puxar. Sempre lembrando que o treinamento deve sempre ser feito com reforço positivo.

Enfim nossos cães devem estar prontos para serem co-terapeutas e auxiliar nas sessões de terapia e/ou atividades com os assistidos.

Cães Sociabilizados

Pode-se dizer que a grande maioria dos problemas de desajustes comportamentais dos cães está relacionada com a sociabilização.

Mas o que é sociabilização?

É o processo de adaptação de um ser a um grupo social. A convivência em coletividade é inerente a várias espécies de seres, entre eles o cão e o homem.
Seres sociais não conseguem viver sem uma estrutura grupal. 

No caso dos cães domésticos, eles precisam fazer parte de um grupo para manter sua identidade e segurança. Claro, existem cães de rua que conseguem sobreviver sozinhos. São cães ferais, muito parecidos com lobos solitários.

Então você pode se perguntar: por que meu cão, que vive em grupo, comigo, com a minha família, com a outra cachorra que tenho em casa, com o papagaio, mesmo assim, quando ele sai de casa ou aparece alguma visita, ele vira um terror anti-social?

Acontece que toda família é um grupo social, mas não o único grupo. O cineasta italiano Federico Fellini dizia que a diferença entre comunidade e sociedade é que uma é regida por amor e a outra pelas leis. Como gosto muito dessa definição felliniana, sigo por esse raciocínio poético porém realista.

Para os humanos, a família é a nossa comunidade, é onde encontramos aconchego, segurança e conforto. Esse sentimento também não é diferente para os cães; eles amam e são amados, são afagados, têm seu espaço, sua comida.

A sociedade fica do lado de fora da casa. É a calçada, os carros, as pessoas andando rápido ou devagar, é a bicicleta, o menino no skate, a moto, o cachorro do vizinho com cara de mau, as intermináveis obras na rua… ufa! Mais parece um campo de batalha. Então, que cão vai querer sair do conforto da sua tranqüila comunidade, da sua matilha, para enfrentar a selva de pedra? Somente os cães sociabilizados.

Assim como as crianças, os cães precisam ser ensinados a viver numa sociedade diferente da sua família. Acho até que muitas pessoas percebem essa necessidade, mas esquecem que o tempo do desenvolvimento de um cão é muito mais rápido do que de uma criança.

As fases comportamentais de um cão são semelhantes às de uma criança, mas com ele tudo ocorre num piscar de olhos, seu desenvolvimento se processa muito rápido e, quando percebemos, estamos com um cão adolescente em casa.

A partir dos 20 dias, os cães já começam a se relacionar emocionalmente com seus irmãozinhos de ninhada. O ideal é que ele seja sociabilizado entre seus 21 dias e 6 meses de idade, período que equivale à primeira infância de uma criança (de seu nascimento aos 7 anos de idade).

Nessa fase, o cão deve aprender que no mundo existem os mais diversos tipos de barulho, brincadeiras no parque com bolinha e, principalmente, regras que ele deve aprender a seguir, como não montar em cima de outros cães, obedecer seu dono fora de casa, não latir para estranhos. É essencial que o cão aprenda regras para poder viver socialmente.

A sociabilização é feita através de passeios diários, e mesmo os filhotes que ainda não tomaram todas as vacinas devem ser levados a passear no colo ou no carro. É imprescindível que o cão saia de casa. Também é importante educá-lo desde pequeno para obedecer aos comandos básicos “Senta, Fica, Junto, Aqui”, deixar que ele cheire outros cães e também seja cheirado, permitir que ele o acompanhe a diversos lugares, à padaria, pet shops.

Ensine-o a esperar por você, eduque-o para que ele se mantenha quieto e tranqüilo na entrada de algum estabelecimento, aguardando sua volta, enfim, na medida do possível introduza-o no seu dia-a-dia. Um cão assim sociabilizado, principalmente antes de atingir a maturidade (1 ano), será um animal manso e confiante, despreocupado, que terá prazer em conviver com o mundo externo. Será um cão, por isso mesmo, muito mais feliz.






Carla Bárbaro Venturelli e Kátia Regina Aiello – adestradoras e comportamentalistas

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Cão Senso - John Bradshaw

    Livro muito interessante sobre adestramento positivo. John Bradshaw reúne as pesquisas mais recentes sobre os cães, desmistificando conc...