quarta-feira, 12 de maio de 2010

TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS

                         Foto arquivo pessoal : Ivan e Lublick 




O relacionamento entre a criança/jovem e um animal de estimação é benéfico em vários aspectos da vida social, afectiva e intelectual.

Existem muitas vantagens que têm sido apontadas como decorrentes desse relacionamento, como: ajudar a desenvolver a capacidade da criança e do jovem de se relacionarem afectivamente com outras pessoas; desenvolver o sentido de responsabilidade na criança ou jovem, que possui um animal que depende dos seus cuidados; favorecer a aprendizagem de factos fundamentais da vida, como o nascimento, a procriação e a morte de uma criatura viva; desenvolver a capacidade para lidar com os aspectos não verbais presentes no relacionamento social, ou seja, aprender a observar e interpretar a linguagem dos gestos, das posturas e dos movimentos, essencial no relacionamento criança ou jovem-animal; ajudar a desenvolver atitudes humanitárias na criança/jovem, em relação ao animal como um ser vivo;despertar a consciência ecológica e a responsabilidade ética da criança/jovem diante da natureza e dos seres vivos.
No decorrer dos últimos 15 anos, um novo papel tem sido descoberto para os animais na vida das crianças/jovens.
A literatura especializada tem mostrado como eles podem tornar-se auxiliares terapêuticos valiosos no tratamento de vários tipos de problemas físicos e psicológicos infantis/juvenis.
Diversos autores têm realizado investigações que nos levam a reconhecer, nos animais, mais um recurso no tratamento de crianças/jovens com problemas emocionais, de aprendizagem, de linguagem ou autistas.
Mesmo nas crianças/jovens que experimentam situações de stress apenas temporariamente, a companhia de um animal pode contribuir para avaliar a ansiedade e suprir o apoio emocional.
Noutras investigações dentro desta área, foi constatado que os animais envolvidos no tratamento de crianças/jovens chegam a desempenhar um papel similar ao do próprio terapeuta. Um estudo realizado pela equipa de Mallon (1994), com 80 pacientes entre os 7 e os 26 anos de idade, num centro de tratamento onde residiam, revelou que essas crianças e jovens se relacionavam com os animais como se eles fossem "terapeutas" ou "co-terapeutas".
A motivação que levava a criança/jovem a se aproximar dos animais e mesmo o seu comportamento em relação a eles eram semelhantes aos motivos e ao comportamento direccionados ao terapeuta.
Estas crianças e jovens visitavam os animais quando se sentiam tristes ou com raiva, com o intuito de se sentirem melhor.
Os sujeitos também falavam, conversavam com os animais, com um sentimento de segurança podendo abordar os seus segredos e problemas pessoais, sem o medo de que essas confissões fossem transmitidas a outra pessoa.
São diversas as formas pelas quais a companhia de um animal pode auxiliar no tratamento de uma criança/jovem, diante de um problema físico ou psicológico. Certamente, o relacionamento entre a criança/jovem e o animal também pode gerar algumas dificuldades, riscos de algum ferimento ou transmissão de doenças mas, geralmente, os benefícios ainda superam essas desvantagens. 


                   Foto arquivo pessoal: Ivan e Grace Kelly


Os exemplos abaixo ilustram algumas das várias aplicações que têm sido utilizadas com animais no tratamento de crianças/jovens.

- O primeiro exemplo a ser mencionado refere-se às possibilidades terapêuticas do animal para o alívio da angústia de uma criança que precisa ser submetida a uma intervenção cirúrgica. Linn, Beardslee & Patenaude (1986) investigaram o uso de cães como auxiliares na terapia de crianças submetidas a transplante de medula óssea – os resultados indicaram que a possibilidade da criança interagir com o terapeuta, acompanhado de um cão, facilitou a expressão e o controlo, por parte da criança, dos seus sentimentos de ira, medo, abandono, de perda de autonomia e de integridade corporal, problemas gerados pela situação da criança diante da doença e da intervenção cirúrgica.
- A presença de um animal serviu para facilitar a comunicação entre crianças e terapeuta foi observada no tratamento de crianças (meninas) que tinham sofrido abuso sexual e a expressar os seus sentimentos em relação a essa experiência. Como no caso da criança submetida a uma intervenção cirúrgica, a presença de um animal facilitou a expressão da criança e ajudou a suprir-lhe um suporte emocional. Nestes dois casos, os animais de estimação foram utilizados numa situação bem definida e breve, em que a criança havia sido submetida a uma experiência traumática. Os animais participaram da sessão como "co-terapeutas" e a sua presença teve efeitos positivos.
Recentemente, Katcher e Wilkins (1998) concluíram que os animais também poderiam ser um auxílio importante no tratamento de alterações comportamentais infantis e sugeriram integrar o contacto com animais em programas de tratamento de crianças e adolescentes, particularmente nos casos de déficit grave de atenção, hiperactividade e alterações de conduta (como agressividade excessiva).
Os autores apresentaram os resultados obtidos com mais de 50 sujeitos e concluíram que a terapia com auxílio de animais tem efeitos terapêuticos significativos, persistentes e amplos em crianças e adolescentes.



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